Nos primeiros dias de Setembro (6,7 e 8) de cada ano, a Torreira enche-se de gente, numa das mais tradicionais romarias da região. Trata-se da festa de S. Paio, que atrai multidões desde há muitos anos.
A Torreira é uma praia de banhos e vila de pescadores que se situa entre o mar e o canal norte da Ria de Aveiro.
Pertence ao concelho da Murtosa, à qual está ligado pela moderna ponte da Varela, de onde se desfruta um belo panorama.
Dentro do concelho ocupa a zona este do mesmo, localizando-se junto ao mar sob um cordão litoral de dunas, o qual se estende desde o Furadouro até S. Jacinto, numa extensão de 25 kms.
S. Paio foi um jovem mártir de 12 ou 13 anos que terá dado a vida em defesa da sua fé, a qual não negou, nem mesmo em troca de ofertas de riqueza e liberdade.
Reza a lenda que o jovem se encontrava preso como refém dum Rei Mouro e era a garantia do regresso do tio, o qual tinha sido condicionalmente libertado para encontrar a forma de pagar o resgate de ambos.
Paio, menino prodígio, com grandes qualidades e virtudes, inflexível na sua adoração a Deus, foi cruelmente torturado pelo Rei Mouro, feito em pedaços e posteriormente lançado ao Rio Guadalquivir.
A romaria do S. Paio é uma tradição que vem já do século passado e, desde então, descrita como a maior e a mais concorrida da costa norte de Portugal.
Da festa fazem parte uma grande concentração de moliceiros, um concurso de painéis de barcos moliceiros, uma corrida de embarcações típicas e um magnífico espectáculo de fogo de artifício.
Uma das razões que terá contribuído para a popularidade da festa é o facto de o Santo ser molhado em vinho: no passado, por altura da festa, a imagem do Santo era colocada ao lado de uma tina de vinho na qual eram depositadas oferendas (tudo aquilo que os pescadores consideravam de valor).
Após isto, banhavam a imagem com esse vinho, provavelmente como resultado da embriaguez dos crentes nestes dias festivos. Apesar deste ritual já não se realizar, o Santo continua a ser visto pela população como o Santo Bêbado.
Daí a nossa perdição por este grandioso arraial da pinga.